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Custo de vida: Quanto preciso ganhar para viver bem no Québec?

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Spoiler: o salário mínimo não dá conta. E não, não é só você que sente isso no bolso.


Você já tentou fazer as contas no final do mês e ficou com a sensação de que seu dinheiro foi abduzido por um buraco negro no supermercado, no aluguel e no tanque de gasolina? Pois é. Você não está sozinho.

A cada ano, o Institut de recherche et d’informations socioéconomiques (IRIS) publica um relatório sobre o que eles chamam de “renda viável” – ou seja, quanto uma pessoa realmente precisa ganhar para viver com dignidade no Québec, sem cair na pobreza nem precisar escolher entre comer ou pagar o aquecimento no inverno.

💡 O que é “renda viável”?

Segundo o IRIS, a renda viável é o mínimo necessário para sair da pobreza com dignidade. Não é só pagar poutine, aluguel e ônibus. Também inclui um respiro: um jantarzinho no restaurante de vez em quando, lidar com imprevistos (como o dia em que a máquina de lavar decidiu se aposentar sozinha), e até uma folguinha cultural. Porque, afinal, viver não é só sobreviver, certo?

📍Quanto é essa renda?

Depende da cidade e da situação familiar.

Pra quem mora sozinho (por ano)

  • Québec: CAD 35.872
  • Trois-Rivières: CAD 31.696
  • Saguenay: CAD 32.063
  • Sherbrooke: CAD 36.597
  • Montréal: CAD 40.084
  • Sept-Îles: CAD 42.884 (spoiler: aqui você precisa de carro, sempre)
  • Gatineau: CAD 42.110

Casal e dois filhos (por ano)

  • Québec: CAD 77.680
  • Trois-Rivières: CAD 72.081
  • Sherbrooke: CAD 75.612
  • Saguenay: CAD 76.463
  • Montréal: CAD 85.200
  • Sept-Îles: CAD 85.463
  • Gatineau: CAD 80.540

Ou seja, ou você é um casal de engenheiros seniores, ou tem que fazer mágica com os cupons do Maxi.

😬 E o salário mínimo?

Aqui entra a parte dolorosa: a partir de 1º de maio, o salário mínimo passa a ser $16,10 por hora. Isso dá um total de mais ou menos $33.488 por ano, considerando trabalho em tempo integral. Parece bastante? Não quando você compara com os $40 mil necessários só pra “viver” na maioria das grandes cidades do Québec.

Pra chegar a essa renda viável, o trabalhador de Montréal precisaria ganhar pelo menos $28 por hora. Quase o dobro do mínimo. Ou seja: trabalhar o mês inteiro no salário mínimo garante o básico dos básicos, mas nada de folga pra comprar um ingresso do Cirque du Soleil.

1. Moradia: o vilão oficial

Os aluguéis subiram mais que a inflação em todas as cidades. Gatineau é o destaque negativo: aumento de 16% nos aluguéis de apartamentos 3½. E com a “penalidade de troca de inquilino” (quando você troca de apartamento e pega o preço do mercado atual), os custos disparam ainda mais.

2. Transporte: caiu um pouquinho, ufa

A boa notícia: os custos com carro diminuíram em 2025. Preços de veículos usados baixaram e o combustível ficou mais acessível. Isso deu um respiro de $1.500 a alguns perfis familiares. Em cidades como Sept-Îles e Saguenay, no entanto, a falta de transporte coletivo funcional ainda obriga os moradores a terem um carro. E na cidade de Québec, principalmente para quem tem crianças pequenas, ter um carro não é um luxo – é uma necessidade, principalmente no inverno.

3. Alimentação: subindo devagar, mas ainda assim subindo

Os custos com comida se estabilizaram um pouco após um pico em 2023, mas ainda consomem boa parte do orçamento. O IRIS adaptou a metodologia para permitir compras mais realistas, incluindo alimentos prontos e pequenas indulgências (alô, sobremesa!).

Durante a pandemia, o preço de coisas essenciais – comida, aluguel, transporte – subiu como pão com fermento fresco. E agora, uma “guerra tarifária” com os EUA pode piorar a situação. Com a alta nos preços dos alimentos, quem já ganha pouco vai sentir ainda mais. Afinal, se você ganha menos, proporcionalmente gasta mais com comida.

A pesquisadora Eve-Lyne Couturier resume bem: “Tudo mundo vai sentir. Mas os mais pobres vão sentir mais”.

🤔 E agora?

O relatório do IRIS nos dá uma pista importante: o problema não é você. O sistema está caro demais pra quem ganha pouco, e isso vale tanto no Canadá quanto no Brasil. Enquanto o salário mínimo sobe aos poucos, o custo de vida está dando sprints olímpicos.


📌 Curtiu o artigo? Compartilha com aquele amigo que acha que “$16 a hora é dinheiro demais”. Ou com quem tá pensando em se mudar pro Canadá achando que tudo aqui é “vida de filme” com neve fofa e casas quentinhas.

Fontes e Referências

William é brasileiro, nascido na cidade de Feliz, no interior do Rio Grande do Sul. Mora em Québec desde 2019 e é estudante de História, Arqueologia e Ciências da Religião pela Universidade Laval, de Québec. Também possui formação na área de tecnologia e de línguas antigas. É o apresentador do canal Québec em Foco no YouTube e também do Café com História do podcast Conexão Québec.

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